Acho que foi um bom começo, mas está muito longe de incluir muitas pessoas nas faculdades... Concordo com o Gilmar Mendes quando fala que as cotas devem ser consideradas em relação à Renda de cada um...
Imaginemos o seguinte:
Eu, Felipe Reis Melo, negro, não sou rico, mas tive a oportunidade de estudar em colégios que me proporcionaram bons ensinos; tive uma boa base de estudos; nunca precisei trabalhar de manhã e a tarde para sustentar a família e depois ver se sobra disposição para estudar à noite; meus pais nunca precisaram que eu trabalhasse para ajudar nas despesas de casa e ainda puderam pagar um cursinho pré-vestibular para me preparar...
Agora vamos pegar um Garoto Qualquer, negro, de uma periferia qualquer, que tem que trabalhar desde moleque pra ajudar na renda em casa; que sempre estudou em colégios públicos; que tem uma carga horária escolar de 200 horas/aula prevista, mas que na prática só estuda 100; que trabalha de manhã, à tarde e à noite vai pra aula sem disposição nenhuma, para assistir aulas de professores mal pagos que se esforçam para passar um pouco de seus conhecimentos por um mísero salário(alguns se esforçam)...
Agora me respondam, seria justo Eu e esse "Garoto Qualquer", negros, disputarmos a mesma vaga num processo seletivo de uma Universidade Pública??? Será que seria justo eu concorrer com esse Garoto pelo regime de cotas???
Agora vamos mais pra cima, imaginemos o filho da Tais Araujo e do Lázaro Ramos concorrendo à mesma vaga que o Garoto Qualquer... Imaginemos as filhas do Dudu Nobre e da Bombom concorrendo com esse Garoto Qualquer...
Seria realmente justo??? Será que estaríamos incluindo verdadeiramente esse Garoto Qualquer???
Agora vamos pensar em outra situação...
Imaginemos outro Garoto Qualquer, desta vez branco, pobre, de um periferia qualquer, que tem as mesmas condições e oportunidades que o "Garoto Qualquer Negro"...
Ele teria condições de concorrer a uma vaga com outros "Garotos Qualquer Brancos" que não precisam trabalhar, que estudam em escolas boas, que vivem só para estudar???
Acho que não...
Essa política de inclusão por meio de cotas para negros não pode ser rechaçada... É um bom começo... Mas a regulamentação em relação à cor da pele está um pouco equivocada... A maior discrepância presente no Brasil, não é a de cor, mas a de renda...
E é bom que fique claro que não estou afirmando que é impossível alguém de baixa renda conseguir uma vaga em um curso superior (tanto é que muitos conseguem, com um esforço quase sobre humano), mas com certeza, de acordo com suas possibilidades e oportunidades fica bem mais difícil...
Enquanto houver essa diferença de ensino, de oportunidade, de incentivo entre ricos e pobres o acesso ao tão sonhado Ensino Superior será determinado por quem tem mais condições de manter um bom ensino durante a vida escolar...
Destaco agora dois trechos, um do voto da Ministra Carmem Lúcia e outro do Ministro Gilmar Mendes, que me chamaram atenção:
Cármen Lúcia, ministra do STF
"As ações afirmativas não são as melhores opções. A melhor opção é ter uma sociedade na qual todo mundo seja livre par ser o que quiser. Isso é uma etapa, um processo, uma necessidade em uma sociedade onde isso não aconteceu naturalmente."
"As ações afirmativas não são as melhores opções. A melhor opção é ter uma sociedade na qual todo mundo seja livre par ser o que quiser. Isso é uma etapa, um processo, uma necessidade em uma sociedade onde isso não aconteceu naturalmente."
Gilmar Mendes, ministro do STF
"Seria mais razoável adotar-se um critério objetivo de referência de índole sócio-econômica. [...] Se conferiu a um grupo de iluminados esse poder que ninguém quer ter de dizer quem é branco e quem é negro em uma sociedade altamente miscigenada."
Enfim, está aí, leiam, concordem ou discordem, mas o que mais peço é, REFLITAM...
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